Hoje, recebi uma notícia excelente de uma grande e querida amiga.
Há algumas semanas, após ser acometida por uma série de sintomas que eu nem sei bem quais eram e intermináveis idas a uma profusão de doutores, uma tomografia acabou por revelar um elemento estranho em sua caixola.
Pânico generalizado, é claro. Eu teria reagido da mesma maneira. Aliás, reagi. Ao saber desse autodiagnostico de morte iminente, fiquei completamente para baixo. Ultimamente, também tenho experimentado alguns autodiagnósticos bastante estranhos e improváveis que, invariavelmente, acabam por me levar diretamente ao meu velório. Então, sei bem a loucura, mas, acima de tudo, a tremenda agonia que é viver assim.
O médico da minha amiga era hoje. Seria quando ele iria ver o tal exame com o estranho habitante cerebral e dar o seu veredito. Estou ligando pra ela desde a hora do almoço. Havia marcado na agenda que era hoje, mas esqueci e perguntar o horário. Era no fim da tarde, claro. Passei o dia tenso, pesado, taciturno, pensando nela. Tadinha, tão jovem, não merecia uma coisa dessas…
Acabada a consulta ela me manda mensagem. “Amigo…” Silêncio de sete segundos que mais pareceram quatro semanas. “Não é nada. Eu nasci com uma disfunção no cérebro, mas tá tudo bem”. Até agora, não entendi que raio de disfunção é essa, mas pouco me importa. Depois do “não é nada”, parei de ler, de entender. Para mim já bastava.
Que alegria saber que minha jovem, linda e querida amiga não tem nada, apenas a certeza de uma longa, bela e plena vida pela frente.
Afinal, é tudo o que queremos. É tudo o que precisamos.