Patrícia Poeta
Já está ficando chata essa história envolvendo Patrícia Poeta e Manuel Soares. A moça passou na frente da câmera enquanto ele falava alguma coisa, ele demonstrou certo descontentamento, ela interrompeu seu raciocínio e seguiu falando de outro assunto, teoricamente mais importante. Ok, foi um desencontro, uma falta de ensaio, o que for. O problema e, porque não dizer, a maldição dos nossos tempos é que isso que, a priori, era para estar em um saudoso “Falha Nossa”, do extinto Vídeo Show, e não mais do que isso, virou grande polêmica nas redes. Racismo. Branquitude. Privilégios. Ora, senhores! Acordem!
Dia seguinte, Patrícia pediu desculpas, fez alguma brincadeira com o parceiro de palco e vida que segue. Não nas redes. Não na charge da Folha de S.Paulo, onde a identitária dupla Leandro Assis e Triscila Oliveira aproveitou para, mais uma vez, fazer uma leitura errada e estrábica de toda a situação, misturando alhos com bugalhos. O tema já mudou para questão salarial, deturparam uma fala do rapaz sobre isso, o que o forçou a ir a público desmentir e dizer que, sim, ele ganha um salário muito justo. Imagens de Patricia Poeta chorando na praia também vieram à tona, como se ela estivesse muito abalada com tudo isso, levando ao gozo a horda de justiceiros identitários e ressentidos.
Enfim, beira o insuportável isso tudo. Está cada vez mais chato fazer parte desse clube.
Inteligência Artificial e Chat GPT
Outra coisa que anda bastante chata é esse papo todo sobre os efeitos e malefícios da tal IA (Inteligência Artificial), seja a que gera imagem, seja a que gera textos. Muita gente palpitando, muita gente apavorada e eu juro que fico sem entender o porquê. É o mesmo medo do gerente de banco diante da popularização da internet nos anos 1990, como li alguém falando por aí. Não aguento mais palpiteiros querendo vaticinar o porvir.
Não bastasse esse clima de tensão, com direito ao guru dos novos tempos, o escalvado Yuval Harari, causando alarde e pedindo para que brequem-se as pesquisas a esse respeito, ainda sou obrigado a me deparar com uma dessas plataformas de curso digital, uma máquina de fazer dinheiro, diga-se (#inveja), vendendo curso sobre “como utilizar o Chat GPT”… É o que sempre digo: todo dia saem de casa um malandro e um otário. Às vezes, eles se encontram.
Para apresentar um pouco de luz, acho mesmo que não há o que temer sobre o avanço a passos largos da IA. Eu sou jornalista, eu vivo da escrita. Admito que a IA escreve muitíssimo bem, é impressionante. Porém, que me desculpem os medíocres, mas, mesmo assim, ela está longe de fazer o que eu faço, de entregar o que eu entrego. Para quem tem alguma competência em sua área, não há o que temer.
E esse papo de dar um tempo nas pesquisas me parece o atestado de que o ser humano, de um modo geral, é um estúpido, incapaz de decidir a maneira que usa a plataforma ou de se relacionar com o conteúdo que ela cria. Ok, no geral as pessoas são bastante estúpidas, mas, que sejam! Parem com essa mania de querer ciceronear os outros. Quanto menos Estado, melhor. Quanto menos guru querendo dizer o que devemos ou não fazer, melhor ainda.
100 dias de governo Lula
Não é difícil diferenciar-se positivamente quando o seu antecessor é ninguém menos que Jair Messias Bolsonaro. Só por isso, temos muito o que aplaudir os 100 dias de Lula 3. São cerca de três meses sem ninguém tirar sarro de gente à beira da morte, sem grosserias com jornalistas, sem ataques irrefreáveis de escrotidão pura e simples. Isso faz bem para a alma.
Agora, nem tudo são flores. É claro que ainda é cedo para sabermos exatamente a quantas vai a economia, porém, a quantidade de bobagens que vem sendo ditas por Lula é algo que preocupa desde já. Brigas desnecessárias, desgastes… Coisas evitáveis, enfim. Honestamente, não dá para saber aonde ele quer chegar com tudo isso. Mais parece falta de assessoria do que qualquer estratégia possível, no entanto, quem já foi presidente do Brasil por três vezes não fui eu, logo, vamos aguardar para ver.
A nova vida de Toby
Existe uma pérola escondida no Star+ que atende pelo nome de A nova vida de Toby (Fleishman Is in Trouble). A minissérie de oito capítulos é uma belezinha em forma e conteúdo. A história é baseada na obra de Taffy Brodesser-Akner, que também assina a adaptação para a TV e conta com os excelentes Jesse Eisenberg, Caire Danes e Lizzy Caplan, com destaques para essa última, que está espetacular e também faz as vezes de narradora da história.
Resumindo a coisa, estamos diante de Toby (Eisenberg), recém-separado e tendo que lidar tanto com essa tal liberdade quanto com a presença em tempo integral dos filhos em sua nova vida, dado o sumiço da mãe das crianças. E, a partir daí, tudo vai ocorrendo. O texto é maravilhoso, a cidade de Nova York brota quase como um personagem e a conforme vamos avançando, vamos vendo que quase nada são flores na vida de ninguém ali, seja a dele, a dos filhos, a da ex-mulher ou a de Lybby (Caplan), melhor amiga de Toby, que, enquanto conta a história dele, vai também repensando a sua própria trajetória até ali.
Vale muito dar alguma atenção para essa pequena obra-prima.
Ótimo texto, amei!